13/07/2021 às 19h52min - Atualizada em 16/07/2021 às 13h58min

Marketing Político: o fenômeno do “político de estimação”

Shirlei Miranda Camargo (*)

SALA DA NOTÍCIA NQM
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Divulgação
Por acaso você tem um “político de estimação”? Pois seja ele de esquerda, ou de direita, se sua resposta foi positiva fique sabendo que você é a prova viva de que estratégias de Marketing funcionam. E estão funcionando com você! No ano passado escrevi sobre esse fenômeno que anda muito comum nas redes sociais, sob a ótica das teorias do Marketing. Os políticos são colocados como um tipo de “produto” e se utilizam de estratégias para evidenciar sua “marca”. Assim, alguns consumidores (no caso cidadãos/eleitores) criam um forte vínculo emocional e tornam-se “apóstolos”, “fanboys” ou “brandlovers”. 

De lá para cá, continuei minhas reflexões e consegui encaixar outra teoria para explicar este fenômeno, agora apoiada no Neuro Marketing. Um conhecido pesquisador da área chamado Martin Lindstrom – utilizando-se da ressonância magnética funcional (fMRI) – descobriu que as áreas cerebrais acionadas quando um fã vê uma determinada marca são exatamente as mesmas, por exemplo, de quando um cristão fervoroso vê um ícone do Cristianismo. Por outro lado, quando este mesmo consumidor vê outra marca com a qual não tem nenhum vínculo, suas áreas cerebrais acionadas são diferentes. 

Ou seja, algumas marcas aplicam estratégias tão bem elaboradas que conseguem tornar-se uma espécie de religião para seus consumidores. Assim, além do consumo de seus produtos, eles podem ser verdadeiros soldados de defesa em algum ataque nas redes sociais. E o “político de estimação”, onde entra nesta história? Simples: alguns deles utilizam as mesmas estratégias e conseguem conquistar o coração de seus eleitores, que acabam tornando-se defensores dos mesmos. Não importando o que falem ou façam. 

Uma destas estratégias é sempre ter um inimigo. O que seria da Pepsi sem a Coca-Cola? Ou da Samsung sem a Apple?  O inimigo é um contraste valioso. Assim fazem os políticos: “eles querem me derrubar”, ou “eles não querem que a verdade venha à tona”. O inimigo pode ser a imprensa: uma importante rede de comunicação já foi chamada de “lixo” por esquerdistas em um passado não muito distante, e agora é igualmente chamada assim pelos extremistas de direita que, naquela época, batiam palmas para emissora. Como Lindstrom disse: “um inimigo define quem você não é, torna as coisas pretas e brancas, ou seja, o inimigo molda a marca”. Ou, no nosso caso, o político. 

Portanto, e infelizmente, assim como vemos “maus produtos” sendo anunciados e comercializados, vemos também “maus políticos” se vendendo como salvadores da pátria. E muitos consumidores são enganados por adotá-los com todas as suas forças. Então fica o convite para que você reflita: será que a “marca/produto” objeto de sua lealdade é, realmente, “de qualidade”? Será que vale tamanha dedicação? Pense bem, as eleições estão chegando. 
 
(*) Shirlei Miranda Camargo é professora e coordenadora adjunta dos Cursos de Administração do Centro Universitário Internacional UNINTER 
 
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