Um levantamento feito no Serviço de Emergência Pediátrica do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN) demonstrou que dois em cada cinco atendimentos são referentes a descompensações alérgicas. Segundo a dra. Christine Tamar, coordenadora da Pediatria do hospital, este ano, houve aumento no atendimento de pacientes com alergia respiratória, superando os quadros infecciosos. O incremento de ocorrências desse tipo de manifestação foi notado, principalmente, nos períodos de mudanças bruscas de temperatura.
"Até 2019, os quadros respiratórios representavam 70% dos atendimentos na Emergência Pediátrica do CHN durante o outono e o inverno, mas nem todos eram causados por reação alérgica. Com a pandemia do novo coronavírus, houve redução desses casos, por consequência do baixo contágio nas escolas - em razão do lockdown e isolamento social -, além do receio da população de buscar atendimento médico em emergências ou ambulatórios", aponta Christine Tamar.
A alergia é uma reação exagerada do sistema imunológico quando o organismo entra em contato com certas substâncias denominadas alérgenos. Mais de 25% da população mundial tem algum tipo de alergia, e a asma e a rinite alérgica são os problemas respiratórios mais comuns. "A asma é a mais grave delas e sua prevalência vem aumentando - cerca de 10% da população mundial tem a afecção e é a doença mais corriqueira em crianças e adolescentes entre 6 e 14 anos, comprometendo aproximadamente 20% delas", explica Tamar.
O frio, o tempo seco e os poluentes também funcionam como gatilhos para crises alérgicas, por isso, durante o outono e o inverno, crianças com alergias respiratórias devem ter cuidado especial, como explica a médica: "Além do risco de contaminação pelo novo coronavírus, é preciso evitar locais fechados, pouco arejados e com aglomerações para prevenir as crises alérgicas. Nos períodos mais frios, é aconselhável higienizar casacos de lã e cobertores que ficaram guardados no armário por muito tempo, pois podem conter ácaros e fungos de mofo, além de vacinar as crianças de 6 meses a 6 anos contra a gripe, medida essencial para evitar o agravamento da doença crônica", comenta Christine Tamar.
Outros tipos de alergia
O dia 8 de julho é lembrado, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como o Dia Mundial da Alergia, com o objetivo de conscientizar as pessoas sobre a seriedade do assunto e a importância do tratamento da condição - que, em alguns casos, pode levar à morte. Os principais tipos de alergia são: alimentares, respiratórias, medicamentosas e as causadas por insetos ou animais.
As alergias alimentares normalmente têm como principais sintomas inchaço, coceira nos lábios, diarreia e vômito; as respiratórias costumam apresentar coriza, espirros, falta de ar, coceira nos olhos e tosse; as medicamentosas são marcadas por vômitos, enjoo e dificuldades respiratórias e as causadas por insetos geram coceira, inchaço no local e pode acontecer de o paciente empolar.