09/12/2020 às 15h58min - Atualizada em 09/12/2020 às 16h20min

Covid-19 pode multiplicar por cinco risco de morte em infartados

A mortalidade de pacientes infartados que também foram contaminados pela covid-19 chega a quintuplicar, segundo artigo do dr. Alexandre Abizaid, cardiologista intervencionista e diretor do Departamento de Cardiologia Intervencionista do InCor (Instituto do Coração).

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Dr Alexandre Abizaid


A mortalidade de pacientes infartados que também foram contaminados pela covid-19 chega a quintuplicar, segundo artigo do dr. Alexandre Abizaid, cardiologista intervencionista e diretor do Departamento de Cardiologia Intervencionista do InCor (Instituto do Coração). O artigo, que foi submetido à avaliação da revista internacional especializada The Heart, foi feito a partir de um estudo realizado com 152 cateterismos, colhidos em 20 centros de pesquisa no Brasil. A análise do perfil anatômico registrado nos filmes foi feita no Laboratório Central do InCor (Instituto do Coração).

Segundo Abizaid, a mortalidade em pacientes infartados “já é por si só elevada: entre 5% e 10% das pessoas com essa doença vão a óbito. Quando o paciente infartado está com a covid-19, essa taxa cresce exponencialmente, para 25% - ou seja: partindo do menor percentual, o risco de morte se multiplica por cinco”.

“O que se viu no estudo foi que, nos casos em que as pessoas que sofreram o infarto estavam também com a covid-19, o comprometimento arterial era muito mais extenso, o que mostrou que o quadro das duas enfermidades combinadas cria uma situação muito mais complexa”, afirma. “O quadro inflamatório se complica com uma carga de coágulos [trombos] maior, o que eleva o número de coronárias comprometidas. Verificou-se também que as artérias ficam mais frequentemente fechadas.”

Efeito indireto
Levantamento feito sobre o número de pacientes em estado grave admitidos em UTI no HCor entre maio de 2019 e maio deste ano mostrou um aumento de 30%. Segundo o dr. Abizaid, essa alta reflete o medo dos pacientes de saírem de casa e correrem o risco de contrair a covid-19.

“Neste caso, o efeito da covid-19 sobre os pacientes é indireto: eles acabam esperando mais até que finalmente procurem ajuda médica em um hospital. Com isso, sua condição se deteriora e quando procuram o médico já é necessário encaminhá-los a uma UTI”, diz. “Que a doença é extremamente agressiva com pacientes infartados, a prática vinha nos mostrando, e agora já dispomos de dados que evidenciam isso.”

Para o cardiologista, por mais que o estágio de desenvolvimento em que vacinas contra a covid-19 se encontram seja positivo, quem tem doenças cardíacas não pode adiar tratamentos, ou esperar até que seja seguro sair de casa.

“É preciso observar todas as medidas de segurança – lavar as mãos em abundância, usar álcool em gel e máscara, respeitar o distanciamento social – e ao mesmo tempo prosseguir com o tratamento cardíaco e a consulta regular com o cardiologista. Se não é seguro se descuidar quanto à covid-19, é no mínimo tão inseguro quanto não tratar o coração com o devido cuidado”, afirma.



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